sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Márcio - Parte 2.

II - Consequências e caos.

Precisamente três dias se passaram desde a morte de Henry, e o bar da nossa estória ainda continha aquele clima fúnebre que diz "coisas aconteceram, mas não queremos falar do que houve"; quando então param dois veículos SUV de cor preta na calçada, abrindo as portas rapidamente.
De dentro dos tais veículos saem oito homens de ternos pretos e aparência saudável. O mesmo atendente, que agora continha aquele olhar triste de que tirou uma vida, olha para os homens e não fala nada, só observa. Ele era conhecido não só pela sua já citada calma, mas pela sua bravura.
Nunca em toda a história se viu crime de vingança com tão poucas palavras: armas sem silenciador esbanjavam ironia em todos aqueles assassinatos silenciosos. De um a um os clientes iam morrendo sem abrir a boca, deveriam estar se perguntando o que estava acontecendo, ou se iriam também ser mortos.
Sapatos e paletós cruzaram o ambiente deixando somente medo e corpos, corpos sem vida.
O atendente do bar observava calmamente, havia medo em seu corpo, mas não em seus olhos castanho-amarelados, que estiveram fixos até a rajada de projéteis o atingir no peito.

Poucos minutos depois uma casa nas redondezas é visitada por um dos SUV, que desembarca um dos homens de terno. Este entra rapidamente e bate à porta, vendo-a deslizar em sua frente, estava aberta, aquela era uma casa com criança.
O homem entra rapidamente à casa, aparenta ter quarenta e poucos anos, e tem um olhar suave, daquele que quando se vê se pensa "deve ser uma boa pessoa"; e olha para a mulher assustada à sua frente. Levanta um revólver ao peito da mulher.
- Quem é o senhor? Pode levar tudo, só não nos machuque. - A mulher estava começando a chorar, tremendo e aparentando nervosismo.
O assassino olha à sua direita, um garoto estava ali observando. Não havia muito que fazer. Com dois tiros o peito da mulher estoura e logo após a sua cabeça.
Passos rápidos e o homem de olhar suave sai da casa e entra no automóvel:
- A porta estava aberta, não havia nenhuma criança, não é? Porque as ordens eram para matar to...
- Não havia mais ninguém. - Responde decidido.

Na casa foi deixado o garoto Márcio, nosso protagonista de então 7 anos, que ficou abraçado, chorando, com o que tinha sido sua mãe, até que foi puxado para longe por um policial, sem cerimônias. Como foi puxado de sua mãe falecida, da mesma forma foi tirado de sua casa, de sua vida. Pelos seus olhos castanho-amarelados calmos, herdados de seu pai, Márcio guardou as piores lembranças daquele dia, quem sabe até a sabedoria de nunca confiar em um olhar suave.

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