sábado, 26 de abril de 2008

Pasmem! Houve um infanticídio!

Todos os instrumentos de massa, jornais, web sites jornalísticos, jornais televisivos, tudo o que pode e tem voz nessa nação de cegos estão a falar o mesmo: Houve um infanticídio!
Abra seu periódico, ligue sua televisão, ou vá até a concentração de pessoas mais próxima, todos não mudam a "faixa musical": A menina Isabella.
Para leitores do futuro, em abril de 2008 toda a atenção da mídia voltou-se a um crime hediondo, onde pais e madrastas foram culpados de assassinar a filha.

E aí que você pensa: Qual o problema?
Simples, o mesmo problema de sempre quando o assunto é movimento da mídia: manipulação.
A mídia manipula a cabeça de todos para esse crime, como se toda a criminalidade brasileira correspondesse a casos isolados como este, tentando imitar estilos de vida europeus, onde uma queda de um avião de seis passageiros é uma tragédia.
Manipula, no sentido de criar uma ilusão de poder a seus usuários, como se fossem deles o poder de julgar o caso, analisando amostras de sangue, depoimentos.
Todo esse jogo de julgamentos cria uma sociedade ignorante que se une em um bar, um colégio, uma reunião, para discutir atos e fatos de algo que não lhes cabe o julgamento, muitas vezes sem analisar fatos altamente relevantes e sempre levando a espada da justiça, mas nunca sua venda ocular - ou sempre?
Então se movimentam policiais, juízes, peritos criminais (que finalmente estão recebendo seus 15 minutos de fama) para voltarem todas as suas atenções ao caso da menina Isabella. E os outros milhares de meninas, e milhares de meninos que morrem anualmente neste país?

Outro exemplo desse maravilhoso desvio de atenção pode ser visto em uma prova de admissão da Universidade Federal do Paraná, onde a doença do escorbuto foi retratada em prosa sobre a refeição dos marinheiros da esquadra de Cabral, de 1500, sendo que essa mesma doença mata centenas, milhares, nas periferias das grandes cidades brasileiras hoje em dia, sem ter de voltar 500 anos no tempo.
Está na hora deste país acordar, e não sei se o mesmo tem esta capacidade.

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segunda-feira, 21 de abril de 2008

Bela flor.


Oh eu!
Por que te aprisionas?
Por que utilizas dessa arma letal contra si, e por que persistes no erro?
Oh, por que, diga-me o porquê, por que és tão obcecado?

De tantas flores que lhes vão às mãos, de tantas
por que se aprisiona àquela flor misteriosa, que quando mais se descobre,
menos é flor,
e mais são espinhos.

Diga-me, de tantas flores, por que escolhes esta?
Diga-me, se sabes de teu erro, por que persistes?
Diga-me, por que gostas de sofrer?

A lógica o contraria, eu.
A verdade o contraria.
Se queres saber, eu, quem o escreve agora também o contraria.

Meu incômodo, eu, é que tu sabes de tudo,
sabes do erro, da falsidade, dos espinhos,
deveras a curiosidade de descobrir a flor por detrás dos espinhos ser tão grande
a te consumir, eu?

Deveras a obsessão negar-lhe a razão?
A razão de que não há flor além dos espinhos que já o feriram e ainda o fazem.
Negar-lhe, eu, que há tantas outras flores,
que merecem seu toque muito mais do que essa que traz em si sua ruína.

De que adiantas, eu,
tantas falas, tanta filosofia,
tanto pensar, pensar sobre pensar,
se acabas por ver a ignorância como uma bênção?

Sabes que se machucas, e que não ganhas nada.
Esconde-se, eu, por trás de lógicas bobas.
Esconde-se, acima de tudo, por trás de ilusões.

Essas ilusões o estão consumindo, eu.
Acorde!
Não há flor por trás desse ser seco e cruel.
Acorde!

Acredito, eu
que não há Dionísio que o levante de suas sombras,
agora,
que se estás cego de obsessão.


Imagem magistral por Guilherme Laso, http://www.flickr.com/photos/guilhermelaso/ .

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