
Oh eu!
Por que te aprisionas?
Por que utilizas dessa arma letal contra si, e por que persistes no erro?
Oh, por que, diga-me o porquê, por que és tão obcecado?
De tantas flores que lhes vão às mãos, de tantas
por que se aprisiona àquela flor misteriosa, que quando mais se descobre,
menos é flor,
e mais são espinhos.
Diga-me, de tantas flores, por que escolhes esta?
Diga-me, se sabes de teu erro, por que persistes?
Diga-me, por que gostas de sofrer?
A lógica o contraria, eu.
A verdade o contraria.
Se queres saber, eu, quem o escreve agora também o contraria.
Meu incômodo, eu, é que tu sabes de tudo,
sabes do erro, da falsidade, dos espinhos,
deveras a curiosidade de descobrir a flor por detrás dos espinhos ser tão grande
a te consumir, eu?
Deveras a obsessão negar-lhe a razão?
A razão de que não há flor além dos espinhos que já o feriram e ainda o fazem.
Negar-lhe, eu, que há tantas outras flores,
que merecem seu toque muito mais do que essa que traz em si sua ruína.
De que adiantas, eu,
tantas falas, tanta filosofia,
tanto pensar, pensar sobre pensar,
se acabas por ver a ignorância como uma bênção?
Sabes que se machucas, e que não ganhas nada.
Esconde-se, eu, por trás de lógicas bobas.
Esconde-se, acima de tudo, por trás de ilusões.
Essas ilusões o estão consumindo, eu.
Acorde!
Não há flor por trás desse ser seco e cruel.
Acorde!
Acredito, eu
que não há Dionísio que o levante de suas sombras,
agora,
que se estás cego de obsessão.
Imagem magistral por Guilherme Laso, http://www.flickr.com/photos/guilhermelaso/ .
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5 comentários:
Bom, meu comentário sobre esse poema é simples: lindo.
Faz pensar sobre o por quê de, as vezes, persistirmos nos erros, mesmo os reconhecendo.
Quando eu crescer quero escrever como você ;)
Você escreve muito bem, já te falei isso :)
Lindo, simplesmente lindo. Parabéns!
Lindo lindo lindo!
Adorei, de verdade. Eu queria poder me expressar do jeito que vc conseguiu aqui :P
Parabéns :)
grande eduardo
eh o nosso Chico Xavier Curitibano
Por favor, me corrija se estiver errado: Não entendo muito disso, mas o poema me pareceu um ID conversando com seu próprio EGO.
Bom... Não sei (talvez seja coisa da minha mente desconexa), mas se for isso mesmo, gostei mais ainda.
Bacana o desenho, mas não ficou com uma resolução legal quando digitalizado.
Abraço.
Isso era algo que queria que fosse ressaltado por alguém. Não entendo bem de psicanálise para me meter com teorias freudianas de divisões da mente, mas o poema é sim, o inconsciente discutindo contra o consciente que está num estado de ignorância, obsessão.
O "eu" é sempre usado como algo separado do eu lírico, na realidade ele é o destinatário do poema, e quando foi necessário falar diretamente quem era o eu lírico utilizei-me de "quem o escreve agora".
Dionísio também deve ser levado em conta, pois é o nome do deus do inconsciente, do vinho, das grandes festas dionísicas, onde o álcool era usado para surgir o inconsciente das pessoas, no caso do poema, fazer surgir o eu lírico e trazer a razão.
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