domingo, 14 de junho de 2009

Aquela velha situação.

Ah, ele sabia de todos os sintomas. Ele até sabia como tratá-los.
Naquela tardezinha de sábado ele ligou seu computador e iniciou uma música, alegre porém não excitante, parada porém não depressiva, e ligou MSN, Orkut e toda e qualquer forma de pseudo-comunicação a seu alcance.
Às vezes nos encontramos velhos demais para dizer a deslavada mentira de que "feriados me deixam depressivo". O que podemos fazer? Talvez alguns não saibam tal resposta, mas ele sabia - ou achava que sabia -, portanto, para não chegar ao corajoso ato de disparar um projétil entre os próprios olhos, começou sua pequena rotina.
Riu, "conversou", assistiu a um filme ou dois, e evitou ao máximo pensar efetivamente no que deveria ser pensado, tentando evitar a melancolia.
Mas algo o dizia que ele sabia, estava arruinado.
Não se sentia mais uma pessoa, um ser existente. O que havia acontecido à sua vida? Pensou.
"Como tudo mudou, de uns tempos pra cá", dentre outras afiadas sanidades.
O tempo não parecia passar, sua vida, não parecia passar.
Clicou no seu programa editor de texto e digitou as seguintes palavras:

Não, não estou morto.

Nada menos, nada mais. E as observou por alguns minutos.
O que podemos fazer? Afinal, era feriado.

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