Estou atualmente num bloqueio de criatividade então não me resta opção que não seja falar do entre-eras que é a minha geração, nessa época atual, que é o que está na minha cabeça ultimamente. É difícil me expressar nesse assunto em específico pois são muitas idéias que se entreligam por linhas impensáveis (isso mesmo, impensáveis), mas vou tentar me explicar.
O que é o entre-eras? Bom, o entre-eras especificado é o vácuo que existe na vida social de um indivíduo normal (leia-se, que não segue a manada, mais detalhes nos próximos parágrafos) na faixa etária de 14 a 17 anos atualmente na sociedade e pela sociedade, um exemplo bom é dizer como a fase entre você fazer um aniversário num McDonalds e um aniversário "no bar". Essa fase é atualmente uma condição desses indivíduos de não serem mais as crianças que já foram e os adultos que virão a ser, inibidos, esses, na condição de serem menores de idade, entre outras.
Deixe-me exemplificar melhor: Hoje em dia se um grupo de amigos de 16 anos quiser sair para jogar sinuca de duas uma, ou eles vão a um bar onde seja "proibido" a entrada de menores, correndo o risco de levar uma "batida" da polícia local ou eles vão a um estabelecimento familiar, como um Boliche & Sinuca e se sujeitam a estar em um ambiente possivelmente inferior. Também se o mesmo grupo resolve sair para um pub (estilo de ambiente social parecido com um bar, muito famoso na Inglaterra), por exemplo, acabam se deparando com a frase de praxe: "Somente acompanhado dos pais".
Não é de hoje que o brasileiro tem uma visão empreendedora defasada, mas existem tantos investimentos para públicos-alvo distintos e mesmo assim essa população de pré-universitários que possuem um poder monetário relativamente alto através de dinheiro dos pais ou mesmo de trabalho, da faixa da classe média/média alta não possuem a devida atenção do mercado.
Acordem empreendedores, esse povo de 14 a 17 anos está precisando de um lugar para simplesmente ir e conversar! Hoje em dia essa faixa tem entre seus programas-comuns festas no estilo de "Clube do tal lugar", "Festa de não-sei-aonde", onde esses jovens pagam R$20,00 , R$30,oo , R$40,00 para ir num lugar dançar músicas diversificadas e "ficar" com jovens do outro ou do mesmo sexo e eu já pensei que eu era o único a achar que eu não pertencia a esse mundo infantil e sujo, que eu não achava isso algo legal, em querer simplesmente sair para conversar com amigos, mas hoje vejo que muitos conhecidos meus tem essa mesma visão, esse mesmo desejo de serem tratados como adultos e não como crianças.
Fazer um estabelecimento de sucesso não é difícil, "taí" uma abordagem muito simples de atingir esse público alvo, o empreendedor compra um imóvel simples e coloca um nome de fachada igualmente simples, nada que pareça muito "arrumadinho" como "Garagem" ou "Canto do Jovem" com a descrição: "Organizamos eventos para jovens entre 15 e 20 anos". Pronto, acabou, você já tem um sucesso em suas mãos, esses jovens que costumam ser tratados como crianças e impedidos de ir a estebelecimentos para maiores utilizariam essa noção de - falsa - liberdade para gastar dinheiro em eventos como aniversários sem a "familiarada" ou comemorações em geral entre amigos, basicamente, o lado social de um típico bar para uma outra faixa etária ignorada pelo mercado e cheia de capital a gastar.
O que eu não vejo de grupos de amigos que saem de colégios e que querem sair ou que querem sair no fim de semana ou na época de férias e querem se reunir em um local tranquilo para passar um tempo não é pouco, isso que eu não estudo em um colégio particular, onde estão os verdadeiros gastadores, esses com certeza estão procurando um lugar pra passar - e gastar - o tempo.
E voltando ao empreendimento, o mantimento desse local seria algo muito simples, o jovem chegaria e pediria por exemplo "Eu quero fazer um aniversário, quero uma mesa de sinuca e dardos" ou "Quero uma festa para mim e minhas amigas, poder acender uns incensos e - sei lá - tomar chocolate quente". Pronto, você tem uma idéia de empreendimento, pelo simples ato de tratar um jovem como um adulto, você vai, move a mesa de sinuca, a mesa de pebolim, o jogo de dardos, o fliperama, ou seja lá qual for o tema que o cliente escolher do armazém nos fundos do local e no fim da noite você coloca de volta, ponto final.
É incrível como se pode utilizar termos de responsabilidade em um negócio como esse para lidar diretamente com o cliente pedindo a sua assinatura e a dos pais, sendo que os pais não precisam estar presentes no dia do evento. Tais termos também podem ser usados para que se algum maior compareça em um evento esse possa assinar que as bebidas alcoólicas que virão a mesa/salão serão para ele, e a partir disso o estabelecimento perde a responsabilidade legal de para onde vão as bebidas, ou seja, se um garoto sair de lá vomitando a culpa é de quem assinou, muito simples.
Outra opção de estabelecimento para essa faixa etária seria um pub organizadinho, bem decorado, com mesas e locais bastante separados e com sofás, para deixar os clientes com uma sensação caseira e em uma parte da mesa uma daquelas entradas USB e entradas de cd/dvd comunicando com o som para a mesa, com o volume regulado pelo estabelecimento, claro, onde o cliente chega, coloca o seu mp3 ou o seu cd/dvd e escuta suas próprias músicas, de forma que não escute as do vizinho, pronto! Esse diferencial já é suficiente para fazer um ambiente popular, o mesmo diferencial que fará com que seus clientes comentem e divulguem o local, ou seja, pronto, você já tem um sucesso em suas mãos, sendo para atrair o público universitário ou o mais jovem.
Falta para o empresariado brasileiro esse ato de pensar a frente de suas cabecinhas fechadas, é incrível como uma idéia dessas pode dar certo, principalmente o lance do USB, se um bar/pub na cidade fizesse isso e garantisse essa liberdade para o cliente eu não daria 6 meses até que a idéia se dispersasse por outros estabelecimentos em toda a cidade (e eu ficaria muito orgulhoso e manteria esse artigo para provar minha autoria, claro).
Está na hora dos jovens notarem que não precisam ir para "baladinha" para se divertir, está na hora dos empresários brasileiros perceberem que esse público alvo está gastando dinheiro em lojinha de Shopping e baladinha sem graça e precisando de um lugar para se reunir, está na hora do brasileiro começar a abrir a mente.
O artigo acabou sendo mais empreendedorismo e menos entre-eras, mas acredito que teve lá sua beleza. Ainda peço para quem lê que poste comentários.
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sábado, 19 de janeiro de 2008
O entre-eras e bastante empreendedorismo.
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5 comentários:
Achei legal essa parada de entre-eras. Você poderia ter dito mais sobre isso.
E é bem a real, meu: em Curitiba (acho que aqui mais do que em alguns outras lugares) não tem quase nada pra fazer.
Porra!
Meu muito bem escrito o texto, mas discordo de vc no que diz respeito ao modo de se tratar essas festas.
Pois muitos jovens, principalmente na entre-eras que vc citou, acreditam que pra se divertir devem encher a cara, fumar, e outras coisas. E em tal estabelecimento a pessoa vendo que se trata de um ambiente para tal grupo nao deveria consumir bebida alcoolica, pois assim estaria estimulando os demais a acreditarem que só terão diverão se beberem.
Mas acredito que um ambiente voltado e esse grupo seria um grande investimento, além de inovador por aqui.
Atenciosamente
Cara, a idéia é espetacular.Tanto que já a discutimos várias vezes. O problema é que nós, os entre-eras distanciados desse mundo de baladinha e pegação, somos invisíveis!
E Não é questão de ser mais adulto e sim mais centrado. Fazer o que se eu não achho que o legal da vida é sair e transar o mais rápido possível?
Quanto a bebidas, eu disordo em alguns aspectos. É esse tipo de "adolescente" que fode com tudo. Quer encher a cara de cerveja pq é modinha. Pra parecer mais velho! Deprimente!
Eu , por exemplo, bebo.Mas bebo pelo sabor, como um bom Capeta, Overdose e etc. Agora beber até vomitar é ridículo.É a principal diferença entre responsabilidade e infantilidade (em todas as idades).
Seia demais se existisse um lugar assim, calma, com música ambiente, sofás, puf's , almofadas, comida e bebida. Um ambiente mais escuro, mas com luzes coloridas, servindo porções de batata frita, frutas com chocolate, empanados e varições, acolhendo os entre-eras só precisaria de um pequeno investimento e uma grande divulção, principalmente no "boca-a-boca", que eu faria sem problemas.
QUe alguem nos ouça!!!!
Ahhh... mais quando você fizer esse esquema, eu já vou ser muito velho pra usar...
Mas se eu tiver uma prole, creio que eles gostarão de frequentar esete lugar...
É uma boa idéia, como já disse em outra ocasião ("Guiness, o "livro brilhante").
Eu acho que pode dar certo. Quer dizer, a idéia dá certo, mas a realização de fato, acho que você consegue fazer.
Acho que uma boa maneira para chamar uma clientela entre 15 e 20 anos, não é criar uma faixa hetária para o local, mas simplesmente não colocar um limite entende? Pessoas com 18 não iriam frequentar lugares aonde a faixa é até 20, se podem muito bem ir para outros lugares.
E eu concordo com o comentário do edipo e com a sugestão do lugar sem bebidas alcoólicas, por que realmente está se criando uma imagem contraditória na mente dos jovens de hoje.
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