
Ah, e as outras coisinhas, bom, ontem descobri que meu pai tinha conseguido score suficiente para passar em uma faculdade pública em São Paulo, quando ele prestou, anos e anos atrás, mas por medo de não passar acabou fazendo inscrição em uma particular e um ano depois veio para Curitiba, e posso dizer tranquilamente que se ele tivesse feito a escolha certa na hora eu não existiria.
Isso foi só para dar a noção de como nossa existência é não só um acaso mas como é frágil em termos de acontecimentos. Claro, talvez 50% da minha genética estaria em outro filho de minha mãe, considerando que ela me teve em uma idade normal de reprodução, mas os outros 50% provavelmente não teriam atingido a vida.
Não espero atingir religiosos com essa divagação, tanto como se eu começar a especular e especular poderia dizer que se meu avô tivesse um par de tetas eu teria três avós, e se vaca voasse chovia leite.
Esse artigo começou com a idéia de ser um artigo curto, doce ilusão, citando meu companheiro Agenor de Miranda Araújo Neto: "Sempre fui perfeito para fazer discursos longos. Fazer discursos longos sobre o que não fazer. Que é que eu vou fazer?*". Mas a base do artigo é realmente uma idéia forte. Quais são as chances de que nossos dois pares de 23 cromossomos terem se encontrado? Quais são as chances de realmente nos tornarmos vida ao invés de puro carbono, o mesmo do grafite e do diamante?
Não só nossas estruturas de ossos e músculos são frágeis como também nossa pré-existência em razão da existência em si.
Não pense de forma errônea, a vida não é um acaso, considerando o Universo como algo infinito era somente questão de tempo até a vida surgir, em um ambiente ou outro, um planeta ou outro, mas a nossa existência, como indivíduo**, é nada mais do que um acaso, um magnífico acaso.
*Cazuza - Boas Novas.
**Estranhamente a palavra "indivíduo" não significa cidadão, significa algo como "indivisível", algo que perde sua finalidade se dividido, um copo por exemplo é um indivíduo, e essa palavra foi perfeita para se usar na frase pois cria a sensação de pura existência, sem usar de noção de vida ou elemento da sociedade.
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4 comentários:
Certa vez estava fazendo um trabalho da faculdade, na disciplina de Teoria da Historia I e a pergunta era a seguinte: "Até que ponto existem acidentes na história?"
A minha conclusão neste trabalho foi a seguinte: não existem acidentes na história.
Tudo o que acontece é fruto de uma combinação de fatores, e essa combinação é o que chamos de contexto. No fato citado, o da "escolha" de seu pai, não se pode dizer que foi um mero acidente (ou acaso como você utiliza em seu texto). Existiam varios fatores que condicionaram seu pai a fazer esta escolha, entre eles o medo dele não passar na universidade de São Paulo, mas provavelmente tambem deve ter recebido influencia de alguem para tomar tal decisão, e até o fato de tal universidade para qual ele veio existir e ter certas qualidades podem ser consideradas como parte deste contexto.
Com toda essa explicação que não ficou clara eu quero dizer apenas uma coisa: não foi acaso, e sim condicionado o acontecimento.
Se pararmos para análisar, toda história poderia ser diferente com a mudança de apenas um fato. È sempre assim.
Para para refletir sobre a vida,digo, o que vc poderia ter feito é idiotisse. A menos que vc tenha a máquina do tempo, aquilo é passado permanente. (sim, é um comentário de uma amante de ideologias frustada com o passado)
TAh certo que as vezes eu gosto de imaginar o quanto uma folhinha de alfacve, por exemplo, mudaria minha vida ou a dos meus netinhos.
(o.Ó)
Viver é estranho, ter conciência disso é pior.
Sim, um fato modificado poderia ter mudado toda historia. Mas de fato, o fato não aconteceu, e não podemos prever o que aconteceria se ese fato fosse modificado... pos historia estuda "o que aconteceu" não o que poderia ter acontecido, nem o que pode vir a acontecer.
Viver é estranho, ter conciência disso é pior.
mas adorei essa frase!
É o que chamo de "Efeito Borboleta".
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