Terra de rei era terra boa, terra fértil.
Terra de montanha,
de pasto,
de vila.
Em terra de rei costume era lei,
vestia-se a farda do ético, do justo.
Em terra de rei a justiça era cega,
sagaz, pertinente.
Certa vez, em terra de rei,
um homem olhou além,
além do verde.
Além das colinas.
Ao pobre homem puniram-lhe os olhos,
faca passou-lhe de lado a lado.
Povo feliz felicidade consumiu,
espada de justiça de estupidez tornou-se,
jorrando o sangue do homem que viu além.
Moça jovem esticou os braços,
além do braçal e do repetitivo,
usou-os para o novo.
Espada da justiça amputou-lhe desde os ombros.
De tempos em tempos a justiça continuava,
de membros ensanguentados e povo alucinado.
Velho sábio teve sua vez na roleta do acaso,
noites de insônia idéias o presentearam.
O velho desenrolou a sua mente como uma pasta sem fim,
traçando-lhe seu destino trágico.
Mente aberta era mente morta.
Antes da guilhotina, o velho teve seu último e sábio desejo,
como prometido, pôde conversar por horas com o rei.
Então rei agora possuía mente aberta, mente fértil.
Ao velho sobrou a lâmina e ao rei o desespero.
O rei não teve lábia ou escrita para o seu povo libertar,
jamais os ensinaria todas as idéias que agora tinha.
No cair da noite tomou seu cavalo e fugiu ao horizonte.
Povo sem rei era povo revolucionário,
ou deveria ser.
Tudo continuou o mesmo.
Justiça cega é justiça traçada, e as punições continuaram.
Convencional batalhou liberdade até o fim dos tempos,
Rios de sangue, de olhos e braços, marcaram a terra de rei;
Terra de conservadorismo. Terra de ignorância.
Terra de perdição.
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