Eis que naquele momento olhei para homens tristes.
Em meus farrapos de fracasso quis amá-los,
amá-los como se amam aqueles que nos são de sangue
porque de sangue e sangue agora eram de coração.
Vi então pessoas felizes,
de ódio sincero e grosseiro quis amarrá-las aos carros em movimento,
vê-las sofrendo em agonia obituária,
ver arreganhar-lhas o grito nas gargantas vis que compunham aqueles corpos,
corpos de débeis.
Eis que vi pessoas amando, e elas me trouxeram aquele sentimento,
quase de piedade.
Vi-as andando e quis colocá-las em grandes mostradores, vendo seus amores as traindo,
as destruindo com palavras,
vendo tudo decair em suas frentes como havia decaído em minha.
Mirei uma moça abatida, que andava como corpo sem alma.
Quis segurá-la pelos braços e carregá-la comigo,
nessa dança de monstros trajados de gente,
nesse bailar repetitivo e destruidor, que os que pouco o conhecem chamam de vida.
Olhei então à beira do horizonte, e vi uma menina de rosto inocente.
Não a haviam pegado! Os monstros não a haviam achado!
Quis tomá-la em um abraço e segurá-la para sempre,
salvá-la daquela dança infernal.
"Por que também essa criança está aqui?
Ela não merece, ninguém merece! Mas ela, não é certo!"
Gritos de minha voz rouca, daquele pigarro sujo de fumante, ecoaram.
Em meio aos gritos levitei de braços abertos daquele jogo doentio.
Vi ganchos negros surgirem, perfurarem aos poucos e estraçalharem o meu corpo.
Em meio à dor, em meio a ver ossos estalando,
entranhas voando para todos os lados.
Cerrei meu punho até me voarem as falanges,
girei meus olhos para todos os lados até me saírem os globos.
E sorri,
sorri até meu rosto estar em pedaços.
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2 comentários:
Uau!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Só o que consigo pensar sobre isso tudo!
Beijos
Edu, vc como sempre arrasando..
nossa muito profundo. Parabéns.
bejao Gin
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