Primeiramente vou começar esse artigo com essa idéia: Estamos em um mundo fútil. Atenção, é uma idéia, não é um fato. Esses dias eu estava passando por entre os canais de minha televisão quando vou à MTV e me deparo com um anúncio de um programa novo com os dizeres: "Marimoon, a blogueira mais famosa do Brasil agora na MTV". Então fui ansioso ao Google pesquisar qual seria o blog dessa tal de "Marimoon", que para ser a blogueira mais famosa do Brasil teria de ter umas "pirações" muito inteligentes e teria de escrever muito bem, pensei eu. Com o título do artigo não preciso dizer mais nada não é? Adivinha se não chego ao tal blog da infeliz e não encontro um fotolog (vulgo playboylog) de uma mulher tirando foto dos seus cabelos rosas*? E o pior, tem gente que vê isso. Muita gente!
Nossa esse mundo é fútil demais. Pensei ter atrasado a publicação dessa divagação mas vejo que publiquei na data certa (ou "certinha", para meus compatriotas curitibanos): o Carnaval. Alguém por favor pode me explicar por que uma celebração em que mulheres vão para exibir seus corpos (leia-se: agirem feito vagabundas, ou meretrizes, para manter o bom português) e homens vão para a prática do "beijo roubado", que seria crime em qualquer outro lugar do mundo, governado por pessoas sãs, é considerado um feriado nacional? "Tá" certo, o turismo é forte, tem um impacto bom para a economia, mas será que os milhões em investimentos e a ridicularização do Brasil mundo afora não compensa na balança? Isso sem contar o costume de certos povos nordestinos de terem 38 carnavais por mês, mas isso já é um problema social e não de futilidade.
O maior fenômeno da Internet brasileira (que não é brasileiro) é o Orkut, que claro, pode ser usado com seriedade e como um serviço excelente de envio de mensagens, mas não é pequena a quantidade de gente em comunidades como: "Eu nunca morri na minha vida" com 467.560 membros, ou "Eu Tomo Banho Pelado!!E Você?®" com 670.759 membros, ou o melhor, "Eu tenho Orkut!!!" com 335.788 membros.
Eu também tenho orgulho em dizer que meu blog não entra na onda acéfala de blogs extremamente fúteis que tratam de assuntos importantíssimos de serem publicados como "Meu cachorro ficou doente" ou "Amanhã aulas às 10.10 com avaliação de ginástica. Espero conseguir fazer as coisinhas todas certinhas, porque se há coisa em que eu insisto em ter boa nota, é em ginástica!"**.
Estou seco a falar mais da futilidade alheia, retomarei em outro artigo, vou passar ao segundo assunto: Como é incrível o esforço dos segundos lugares em se manter em segundos!***
Faz alguns meses que vi a capa da revista Época com a foto de Luciano Hulk e os dizeres: "Ele merecia ser roubado?" e "O que o roubo do artista diz da alma dos brasileiros" (ou qualquer coisa assim, eu lembro que "merecia" e "alma" estavam na capa). Isso foi na época que esse artista tinha sido roubado e tinha perdido seu Rolex, e ao escrever do assunto, injuriado, obviamente, ao jornal O Estado de São Paulo, esse teve uma reação similar a uma vaia dos leitores, como se ele merecesse perder seu Rolex (claro, afinal todo ladrão é Robin Hood!). É numa capa dessas que se vê que a Época nunca atingirá o patamar de publicação de uma Veja ou de uma SuperInteressante (essa última que hoje me surpreende ainda estar vendendo, com suas reportagens do estilo "Como se proteger de alienígenas usando sal").
Primeiro: Ninguém que mantém um trabalho honesto nunca mereceu e nunca merecerá ser roubado, uma revista nunca poderia colocar uma questão dessas a discutir, e segundo: "Alma", que "alma"? Alma é artifício de vender estória para criança e "passagem para o céu", é incrível, existem tantas palavras ou expressões que poderiam substituí-la, mantendo um nível de seriedade para a revista, como "consciência", "senso vingativo" ou "instrução", mas não, segundo lugar se esforça para se manter em segundo.
Outro segundo lugar que se esforça incrivelmente, mas ainda assim vai acabar por tomar primeiro é a rede Record, é incrível, eles compraram seriados bons, compraram desenhos bons, contrataram jornalistas bons, produziram novelas boas (para quem gosta) e você liga em um horário que ultrapasse a programação normal, em torno de meia-noite, e estão praticamente passando exorcismo na televisão. É incrível, eles compram o que faz sucesso nas concorrentes e em horários tardios eles baixam o nível da programação.
Aliás, eu já fui muito de odiar a globo, sou fã número 1 do "Muito Além do Cidadão Kane", documentário que fala, entre outras podres, de como a Globo ajudou a instaurar o regime militar no Brasil, não cobriu revoltas contra o regime militar em seus jornais da época e como tirou o regime do Brasil quando lhes veio a convir. Mas se vocês acham que estamos mal, no reinado de Edir Macedo será muito pior. Muito mesmo.
Atualmente o dono (ou dono majoritário, não me recordo) da Record, Edir Macedo, tem aquela rede pequenina de templos, a Igreja Universal de Reino de Deus, que existe em mais países que o McDonalds, e ele transforma em torno de 70% do capital recebido da Igreja Universal, capital que vêm sem impostos, em patrimônio da Record, ou seja, patrimônio dele. Em um prazo de meros anos nós teremos a maior rede de televisão brasileira cultuando prece e praticando exorcismo. Viva o Brasil!
*Disponho para vocês uma análise da Marimoon com coisas interessantes como o fato de ela ser comunista e vender bijuterias em seu blog, e cursar faculdade de moda.
**Teclei "emo blog" no google para achar isso, prometo a vocês que eu não tinha esse link horrível anteriormente.
***Entenda-se segundos como os abaixo dos primeiros, sem considerar se são os segundos, terceiros, quartos...
Update: Na noite de sábado de carnaval o SBT exibiu um dos filmes da trilogia O Senhor Dos Anéis, fugindo da programação normal da época, de samba e genitálias, e deve ter conseguido uma audiência alta, aí está um segundo lugar que não se esforça em se manter em segundo, apesar dos "A Praça é Nossa" e afins.
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sábado, 2 de fevereiro de 2008
A futilidade, o esforço dos segundos e a Record.
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6 comentários:
Iup! Mas um assunto pra meter o pau mesmo.
CAramba, o que é o carnaval brasileiro? Exaltação de formas perfeitas, brilho nas poucas vestes e um culto ao sexo!
Não, eu não sou conservadora, só acredito em um mundo bacana.
Esses dias vi num Outdoor "Bom de cama é quem usa camisinha!" E fiquei reflitindo sobre a podridão do exato período em que vivemos, com coisas pesadas (pesadas mesmo, não sexshop) em cada esquina.
Parecem que as crianças já nascem batendo punheta e esperando o carnaval, como se fosse um instindo incontrolavel.
A solução? è a não-banalização desse tipo de coisa. Chega de expor corpos no carnaval.Chega de pensar em sexo como maior prazer.
Lógico, filmes pornos e etc continuam sem problemas, mas que os seus contexos fiquem distantes do mundo real e , principalmente, jovem!
Adolescência é uma época competitiva. Antigamente, a competição era pelo mais inteligente, o de futuro mais promissor, ou o mais rico. Hoje é ser O mais bonito, O maior pegador.
Provavelmente serei vaiada pelo comentario. Entendam meu prósito:
VAmo pegar, vamo ficar, vamo trasar, sim. só não quero ver dobrar a esquina no carnaval e pegar gente se comendo.
Sobre a tv, certa vez me ensinarnaram que tudo nos é liberado, mas vai da gente assistir e , especialmente, "filtrar" o que vimos.
O negócio é aproveitar os filmes da Globo, escutar alguns telejornais, curti as novas séries da record, saborear "a noite é uma criança" da band, mas não tomando aquilo como verdade absoluta. Um conceito é feito de Idéias, não de imagens.
Digo, bora aproveitar o que o senhor pastor nos oferece de bom e o que a vilã manipuladora noos alcança, mas lembrando dessa nossa verdade. Afinal, não é soh por assistir record que eu vou ajudar o Satã (eu espero)
E vamos curtir de tudo um pouco
o/
Segue o Baile...
er
Ah, me empolguei falando da putaria e esquici do principal:
Blogs como este são raros,
TAlz por isso mereçam ser assim, aproveitados
;P
Não acredito que a "podridão" tenha aumentado.
Duvido que os adolescentes de outros tempos competiam por inteligência e futuro.
Ao contrario. Parece -me que os desenhos tinham mais violência, mais drogas, mais mensagens subliminares. Os livros mais pesados. O terror nos filmes era mais forte (assista os fi9lmes do expressionismo Alemão).
Não tenho nada contra o carnaval do nosso tempo. A única coisa que me incomoda é a alienação. Vai lá dança, beija, se come no meio da rua mas não finge que não tem mais nada acontecendo, que o mundo ta perfeito, que todos somos felizes.
Sei lá!!
Vou mostrar o maior exemplo que já vi de futilidade, e esta se encontra dentro de minha familia. Não vou comentar sobre o nome dela, lógico. Ela fez o segundo ano do ensino médio no colégio Bom jesus, mas reprovou. Filha de pais separados, recebia uma certa quantia (700 reais mais ou menos) para pagar seus estudos, mas quando reprovou, decidiu parar de estudar e juntar o dinheiro para ajudar na compra de seu carro. Claro que sua inteligente mãe a ajuda a pagar o combustível, isso quando o salarido de seu emprego de grande futuro num salão de belezas não ajuda. Não quero menosprezar ninguém que trabalhe em algo parecido, mas largar os estudos, num colégio bom, para comprar um carro? é coisa demais para a minha cabeça ><
Sinceramente? A internet se tornou um lugar de baixo calão. Inteligência aqui, convenhamos isso é raro...
Infelizmente é o que eu sempre digo, a humanidade não quer saber de assuntos intelectuais, o que eles querem mesmo é a podridão, é a sacanagem pura e simples.
Quem se enquadra neste patamar é Fashion hoje, é só bunda e peito e não é preciso ser somente no carnaval, basta sair de casa é só o que verá! Garotas praticamente despidas se insinuando ostensivamente a quem quiser ver, virou moda ser vadia e a moda pega mais rápido que um rastilho de pólvora.
Afinal o que dizer de um país que vende a imagem de sexo fácil à turistas de todo o mundo e onde o maior sucesso da tv é um reality show?
Pra que ser inteligente quando basta ter um par de peitos turbinados e um bundão?
Você escreve bem, mas não gostei do formato deste post. Começa falando de algo e depois muda quase radicalmente de assunto sem concluir de forma satisfatória o primeiro. Tome isto como uma critica construtiva.
A respeito da futilidade, acho isso uma coisa muito relativa. Um assunto que para eu parece fútil pode ser de suma “importância” para outra pessoa. O que me deixa assustado mesmo é a maneira que as pessoas são alheias a questões que influencia diretamente suas vidas. Não vejo mal em pular carnaval, mas achar que o Brasil é o melhor pais do mundo apenas porque tem carnaval é assustador.
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